Interpretando o género e desconstruindo narrativas do feminino um olhar crítico e fenomenológico sobre as mulheres na Filosofia
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Marta Nunes da Costa
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UFMS
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A partir de um levantamento de dados que visa identificar a proporção entre homens e mulheres nos departamentos de Filosofia das universidades brasileiras, constatamos que o Brasil se aproxima da realidade de outros países, como Reino Unido, Estados Unidos, entre outros, com 77% de docentes homens e apenas 23% docentes mulheres. Como explicar este desequilíbrio? O que revelam estes dados e como devem eles ser interpretados? Será que as mulheres são menos competentes ou aptas para a Filosofia? Para tentar responder a esta questão temos de responder antes a outra: O que define a Filosofia hoje? Certamente, a filosofia profissionalizante ou profissional exigiu, sobretudo a partir do século XX, o exacerbamento do peso atribuído aos argumentos, mais do que ao filosofo que os dá ou apresenta. Se pensarmos no que isto significa vemos que a filosofia, tal como prática, tem o potencial de se afirmar (se é que não se afirma de fato) como domínio neutro no que diz respeito à questão do género. Afinal, a lógica é neutra: a filosofia do ego não é masculina nem feminina: o ego ou cogito desde Descartes fornece o campo de possibilidade para que qualquer um homem ou mulher o descubra e o preencha consigo. Mas esta pretensão de neutralidade conduz a uma cegueira perigosa sobretudo porque a partir dela se constrói o mito da objetividade do conhecimento e do saber, e essa objetividade só se conquista à custa do sacrifício do sujeito incarnado, homem ou mulher, que é, que pensa, que vive, que existe. Ou seja, a filosofia tem-se afirmado como disciplina que assenta na postulação de igualdade conferida pela razão, assim como no mito da neutralidade (como se o sujeito racional não fosse homem nem mulher, ou por outras palavras, como se o fato de ser homem ou mulhe
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Filosofia e Gênero
- 21.10 | Sexta-Feira | sala 22| 11h20
- sala 22
- 21/10/2016