Felicidade, vontade e medida: um estudo do Diálogo sobre a Felicidade de Santo Agostinho
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Josadaque Martins Silva
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT
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Procurar-se-á neste trabalho expor certas direções para um estudo da correlação entre as noções de vontade e medida no diálogo De beata uita de Santo Agostinho. O diálogo De beata uita consiste numa reflexão sobre a natureza da felicidade, tendo como ponto de partida o desejo universal de ser feliz. Ao perguntar-se pela natureza da felicidade, Santo Agostinho se dá conta de que o ser humano só pode ser feliz se tem o que quer, mas, como aprende de Cícero, constata que ter o que se quer é diferente de ser feliz, pois é possível não ser feliz tendo tudo o que se quer, uma vez que nem sempre o ser humano deseja aquilo que é bom. Sob essa perspectiva, a posse de bens pode ser compatível com a infelicidade sinônimo de indigência . Para evitar a infelicidade ou corrigir o desejo equivocado, requer-se sabedoria, a medida da alma que orienta a vontade para desejar o que é bom. É ela também que, no limite, orienta para a busca e a posse de um bem que não se perca, o único capaz de corresponder ao desejo da felicidade. Tal bem só poderá existir numa natureza divina. Assim, o tratamento dado ao tema da felicidade no De beata uita não se reduz à identificação de uma realidade que satisfaça o desejo de ser feliz, mas implica necessariamente uma investigação da vontade em sua relação com algo que a oriente, isto é, a sabedoria ou medida da alma.
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Patrística e Filosofia Medieval
- 21.10 | Sexta-Feira | sala 53| 09h00
- sala 53
- 21/10/2016