A Superação do Problema do Mal em Santo Agostinho
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Matheus Jeske Vahl
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UFPEL
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Para Santo Agostinho refletir sobre o problema do mal é antes e acima de tudo uma reflexão sobre o ser, a busca por uma afirmação da existência frente ao seu próprio antagonismo, a tendência ao nada. Agostinho pensa o universo, e nele a existência humana, sob o prisma de que toda realidade se manifesta em certa ordem. A experiência de uma desordem, de um conflito inerente à realidade humana, o qual pode ser percebido dentro da própria alma como na descrição pessoal das Confissões e vivido na realidade como um todo, leva-lhe a conceber que o pensamento encontra-se diante de uma aporia paradoxal, a impossibilidade de perceber a realidade criada como ela se manifesta e a dificuldade de viver em paz perante ela. A possibilidade de superação deste paradoxo inerente à condição humana,leva Agostinho a elaborar uma das mais complexas e influentes soluções sobre a presença do mal na realidade humana, bem como sua superação através da economia da Graça. Ao apresentar o movimento voluntário da vontade como origem do mal, Agostinho resolve satisfatoriamente a questão para os debates em que ele estava envolvido naquele momento, porém, deixa em aberto questões sobre seu próprio pensamento: o que faz a vontade mover-se, ou até tender para as coisas sensíveis? Como se explica a presença do mal na própria alma humana, antes mesmo que o agente moral possa deliberar sobre suas ações? O conceito de pecado original, que o autor deriva em grande parte da leitura que faz das cartas de São Paulo, será o passo decisivo através do qual Agostinho tira a vontade humana da movimentação quase mecânica em seus primeiros escritos e elabora uma das teorias mais profundas sobre a realidade humana e seu paradoxo frente ao mal.
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Patrística e Filosofia Medieval
- 21.10 | Sexta-Feira | sala 53| 10h10
- sala 53
- 21/10/2016