O Conceito de Dupla Reflexão em Fichte: uma leitura a partir do §5 da Doutrina da Ciência de 1794
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Arthur Bartholo Gomes
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UFG
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A Doutrina da Ciência de Fichte é reconhecida por introduzir, no contexto do idealismo transcendental, um conceito de subjetividade que assume um papel central na concepção de um sistema de filosofia. A ideia do eu autoponente resultou numa reavaliação de vários conceitos vinculados ao modo de operar da consciência, e, dentre eles, o conceito de reflexão como primeiramente uma forma de auto-apercepção desta. Pretendo neste trabalho apresentar como a visada fichteana sobre o conceito de reflexão o concebe especificamente sob um duplo aspecto, e mostrar também como estes dois aspectos se relacionam entre si dentro da estrutura do eu apresentada por Fichte. A ideia de uma dupla reflexão se constitui a partir de dois movimentos distintos realizados por esta operação da consciência em pôr a si mesma e aperceber-se de si mesma, que se mostram interligados entre si por meio da característica intrínseca ao sujeito de estabelecer a si mesmo reflexivamente, tal como é posto no §5 da Doutrina da Ciência de 1794, que será o foco desta análise. Ali, segundo algumas interpretações, a reflexão deixa de ser um ato posterior à ação fundante do eu exposta no primeiro princípio, e passa a integrar a estrutura constitutiva do próprio conceito de subjetividade, a qual é, a partir daí e como Fichte a apresentará nos seus escritos posteriores concebida como fundamentalmente reflexiva, ou seja, como autoconsciência. Nesse sentido, a ideia de reflexão deverá ser concebida como dupla em alguns sentidos específicos dentro das relações que o sujeito estabelece ao longo do seu processo constitutivo: a relação entre subjetividade autoponente e objetividade posteriormente posta, a relação entre finitude e infinitude, e finalmente entre os âmbitos teóricos e práticos da filosofia em geral. A ideia de uma refl
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Filosofia Contemporânea
- 21.10 | Sexta-Feira | sala 57| 09h10
- sala 57
- 21/10/2016